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Eros e as Paixões Repentinas

  • Foto do escritor: Henrique Cecatto
    Henrique Cecatto
  • 11 de nov.
  • 4 min de leitura

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Eros é energia de movimento, de criação, de nascimento, de gerar um universo inteiro. Para os gregos, além de simbolizar a paixão, representava também a criação. É por isso que existem variadas versões deste mito - e todas elas estão corretas naquilo que se propõem em traduzir.

Quando observamos o mito de Eros através da ótica da criação, percebemos que este princípio é o princípio que deu origem ao universo, por exemplo. Tudo aquilo que é criado com amor, com êxtase, com profundo prazer é Eros em ação. Uma venda que é fechada e ambos saem satisfeitos e realizados, uma refeição que é preparada com dedicação e que nutre profundamente todos os sentidos (nutricional, paladar, sentidos, etc), uma relação sexual que transcende, uma ideia que “explode” a sua mente em um profundo insight. Isso tudo é Eros.

Uma paixão repentina é Eros, também? Sim, certamente! Eros é um princípio de união, além de tudo. Portanto, em muitas ocasiões em que ocorre uma paixão ou surge um sentimento “romântico” em uma conexão, é Eros. Eros é zeloso, cuidadoso, carinhoso, apaixonante, envolvente, sedutor de maneira natural e sutil, delicado, que traz relaxamento, que transmite a sensação de segurança para você poder ser e se expressar da maneira que desejar. E este tipo de paixão pode ocorrer literalmente em qualquer momento da vida, em qualquer local, em qualquer tipo de situação e em qualquer contexto, independente de status civil dos envolvidos.

Por exemplo: um professor de academia ou de qualquer outro assunto que “se apaixona” pelo aluno (ou vice-versa). Significa que isso gerará um relacionamento afetivo como fruto deste sentimento? Não necessariamente, na maioria das vezes não. Mas porquê se sente esta energia “romântica”, de carinho, conexão, prazer, relaxamento, liberdade, êxtase entre ambos? Simplesmente porque Eros está em ação, para que ocorra o aprendizado (criação do saber na mente do aluno), o arquétipo de Eros se manifesta naturalmente. E só funciona se for de uma maneira bidirecional (isto é, aluno e professor ao mesmo tempo). Geralmente, esta “paixão” termina assim que o ritmo de aprendizado diminui ou não se tem mais necessidade de ter aulas. Porém, enquanto existe a simbiose entre os envolvidos na aula, Eros se manifesta como um propulsor das energias de criação que são necessárias naquele momento.

Este, evidentemente, é apenas um exemplo. Este tipo de cenário pode acontecer em variados contextos, em qualquer momento. Pode ser uma “paixão” entre colegas de trabalho, pode ser uma paixão entre médico e paciente, etc. Isso tudo serve para o crescimento de ambos, como um estímulo para que cada um dos envolvidos busquem crescer e se desenvolver profundamente em algum aspecto que têm em comum. Logicamente, esta paixão não precisa ser vivida de maneira romântica (na maioria das vezes, nem se deve). E é justamente por isso que é tão importante que se entenda que a maioria das paixões que surgem em nossa vida não são para serem vividas, mas sim para que se extraia o aprendizado daquela situação e se obtenha o máximo de aproveitamento daquele fluxo energético cósmico que está disponível naquele momento.

Entender isso libertaria muitas pessoas de ciclos viciosos em suas vidas românticas. E é por isso que o conhecimento acerca do assunto dos arquétipos precisa ser difundido, precisa ser compartilhado e, principalmente, precisa ser entendido. Porque quando você percebe que está “surgindo” esta dinâmica com uma pessoa que não acompanha o seu ritmo, por exemplo, você direciona esta energia para outro lado. Por exemplo, uma pessoa que não esteja no seu nível (ou você não esteja no nível desta pessoa); há chances de dar certo romanticamente? Não, por mais que se tente e por mais que se insista. Mais cedo ou mais tarde, terminará. Porque não existe campo para sustentar a energia da relação (um dos dois terá que “carregar” o outro “nas costas”). E isso nunca dá certo. Porém, porque a paixão despertou em ambos, então (ou em pelo menos um dos envolvidos)? Porque aquele sentimento era Eros impulsionando você para a mudança na sua vida, para que você se mexa, saia da sua zona de conforto, cresça, se desenvolva, vá em frente, busque o seu caminho, etc. Isso é o movimento de Eros na vida de todos nós, porém poucos percebem. E, a grande maioria, canaliza esta energia para a expressão sexual. É por isso que até o termo “erótico” é polêmico. Porque se associa tudo aquilo que é “erótico”, com sexo, atividade sexual, penetração, coito e até vulgaridades. Não se consegue ter a elaboração e a percepção necessária para perceber que aquele sentimento é um sentimento de união, de amor compartilhado que une, que gera frutos positivos (seja uma venda, uma empresa ou um bebê). E é por isso que é preciso que se sintonize nos arquétipo que se deseja vivenciar. E abandonar os arquétipos que não se deseja vivenciar. Se alguém deseja relacionamento afetivo duradouro e estabilizado, porquê se relacionar com pessoas que estão vivenciando arquétipos de amores fugazes e aventureiros? Porque vivenciar a energia do arquétipo de Pórnea (pornografia)? Será tudo isso medo de amar e ser amado verdadeiramente, porque sabe que isso causará uma rendição e uma transformação total no ser, incinerando tudo aquilo que não está alinhado com o amor em sua expressão mais elevada?

Porém, no final de todas as contas, todos os caminhos levam ao mesmo destino. Todos os caminhos levam ao amor, em seus infinitos níveis de expressão. Até mesmo aqueles que estão trilhando o caminho do mal buscam, profundamente e subconscientemente, a energia do amor. O acolhimento do amor. Porque o amor é tudo o que existe no Universo. E Eros, sempre que possível, surgirá para lhe lembrar disso.

Lembrem-se que no mito de Eros e Psiquê (Amor e Alma, em tradução do grego), Eros nunca abandonou Psiquê. Em nenhum momento. Mesmo diante das mais difíceis provações e dos mais difíceis desafios, ele sempre estava lá, ajudando-a por detrás dos bastidores mesmo sem ela saber. E assim são os seres humanos, todos sendo ajudados pela força de Eros - quer saibam ou não. Porém, a partir de agora, vocês passam a conseguirem compreender mais um aspecto desta força arquetípica, que são as “paixões inesperadas” e qual o seu propósito.

Eros é incontrolável, querer controlá-lo é pura besteria. Porque à tudo aquilo que você resiste, persiste. Mas ele é Amor, puro e simples. Completo, infinito, infinitamente generoso e sempre pronto para amar.

 
 
 

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